A ética na Astrologia
A questão da previsão da morte

Quando consulta um oráculo, a pessoa espera ouvir coisas boas. Ninguém quer ouvir que vai morrer em breve, por exemplo. Então, cabe a pergunta: O astrólogo pode e/ou deve responder se o cliente perguntar quando vai morrer? Nada impede que o astrólogo tente prever a própria morte, como fez a lendária Evangeline Adams, mas acreditamos que não se deva tentar responder tal coisa a um cliente.

Mesmo que fosse possível prever uma data com exatidão, não haveria benefícios para o cliente sair da consulta com a perspectiva de enfrentar o fim em breve e não se sustenta o argumento que, diante dessa perspectiva, ele poderia aproveitar o tempo que lhe resta. Melhor seria se saísse motivado a aproveitar a vida por outros motivos.

Trata-se de uma questão ética, regida não por uma lei, mas por princípios que distinguem o que é desaconselhável, do que é bom e recomendável. Não é por acaso que as associações de classe vetam tal possibilidade, como consta na seção de Deveres Fundamentais do Código de Ética da Associação Brasileira de Astrologia:

1. nunca indicar épocas taxativas de morte, mas sim períodos perigosos para a saúde ou para a vida…
É natural que o ser humano busque respostas em todos os campos de conhecimento, mas a morte está além da possibilidade de compreensão, está na categoria do incognoscível, do transcendente. Para ilustrar nosso raciocínio, uma história contada por Miguel Etcheparre:

Vendo seu rei triste e preocupado, o ministro pergunta:
– O que tira vossa tranquilidade, senhor?
– O astrólogo real previu que morrerei em breve, eu que tinha tantos planos…
– Ele deve estar enganado.
– Não, eu confio nele.
– Meu senhor, peço que o chame para que eu lhe faça uma pergunta.
Quando o astrólogo se apresentou, o ministro o questionou:
-Afirmas que nosso rei morrerá em breve, então pergunto se já previstes a data de tua própria morte.
-Sim, mas terei uma vida longa, verei o céu ainda por muitos anos.
Foram suas últimas palavras. O ministro o degolou com um golpe certeiro de espada, voltou-se para o rei disse:
– Majestade, às vezes, os desígnios dos astros não se cumprem.